É importante ter uma consciência limpa?
Muitos de nós adolescentes vivemos escravizados pela idéia obsessiva de culpa gerada quando praticamos pecados. Por exemplo: a história de Lutero é a de um homem que se sentia culpado, ao nível de pedir perdão por causa de suas flatulências (gases). Existem adolescentes que vivem tão obcecados em buscarem a santidade por si mesmos, que vivem atrás de fórmulas ditas "espirituais", e isso acaba por levá-los ao esgotamento espiritual, em que, após cada falha, penalizam-se e sentem-se culpados.
O texto de Romanos 1:16-17 procura nos ensinar que a vida do justo deve ser baseada na fé, não uma fé na fé, mas fé em Deus, ou seja, creio que só pela graça de Deus é que me torno cada vez mais santo. Sendo assim, a santidade é obra do Espírito Santo em minha vida, e não resultado de meu esforço. Por isso, se depender de mim mesmo, nunca terei uma consciência limpa. Só estarei entendendo e vivendo a obra da cruz na minha vida (Isaías 53:5).
Como ter uma consciência limpa, livre da culpa?
1 - O que está errado?
Qual a diferença de culpa para sentimento de culpa?
O adolescente que vive envolvido pelo sentimento de culpa é um adolescente que terá muita dificuldade para se relacionar com o mundo que está à sua volta, pois tal sentimento se baseia na sensação ou entendimento de que tudo que fazemos envolve o pecado (lembre-se do caso de Lutero).
Já a culpa é algo concreto. Uma pessoa culpada é uma pessoa que fez algo de errado e por isso mesmo é culpada, pois seu ato é digno de reprovação. De acordo com Tiago 1:13 a 15, esta diferenciação entre culpa e sentimento de culpa fica clara. No texto, o problema não é ser tentado, e sim aceitar a proposta feita pela tentação. Só se aceitar a proposta é que errarei, pecando e, conseqüentemente, serei culpado. O problema é que existem diversos adolescentes que só pelo fato de passarem pela tentação se sentem culpados; eles não pecaram, mas foram tentados. A questão na cabeça de muitos é que tentação e pecado são a mesma coisa. E então, apesar de não terem pecado, se sentem culpados. Pelo fato de não serem culpados, realmente eles vivem o lado psicológico da culpa (sentimento de culpa). Por exemplo, vejamos alguns casos de adolescentes:
* Um adolescente olhando para uma pessoa do sexo oposto que o atrai.
* A reação de um adolescente diante de atitudes que seus pais tomam e que vão contra a sua vontade.
2 - O perdão
Por que alguns adolescentes não se sentem perdoados?
O fato é que para haver perdão é preciso haver motivo para ser perdoado. A questão é que Deus só irá me perdoar se eu tiver pecado, ou seja, "se eu tiver culpa no cartório". Acontece então que muitas pessoas que desenvolvem o sentimento de culpa não se sentem perdoadas e nem podem ser perdoadas, pelo simples fato de não haverem pecado. Mesmo anos e anos pedindo perdão para Deus nunca conseguem ouvir Deus dizendo: "Perdão de quê? Você nem pecou!". Elas estão aprisionadas num sentimento de culpa que precisa ser sarado ao invés de perdoado, pois não há perdão para algo que não aconteceu de fato.
A palavra de Deus, em I Jo 1:9 a 2:2, diz que Deus é fiel para perdoar os nossos pecados, ou seja, as nossas culpas. Simplesmente, João despreza o sentimento de culpa nesse texto porque não há lugar para se perdoar falsas sensações.
O perdão divino é a liberação de Deus sobre a vida do pecador. É o olhar de Deus para essa pessoa através da cruz de Cristo, local esse em que, em virtude do sacrifício do Filho de Deus, o homem é perdoado das culpas que tinha, que tem e que virá a ter.
3 - O que Deus quer?
Em Filipenses 2:12-16, a palavra de Deus nos chama para sermos santos. De certo modo, a vontade de Deus é que nos tornemos santos, ou melhor ainda, que sejamos seus imitadores (I Coríntios 11:1). Deus não nos perdoa para que continuemos a pecar, mas para que, perdoados, tenhamos livre acesso a Ele, e assim prossigamos para o alvo que nos está proposto em Cristo Jesus: sermos santos como Ele é santo (I Pedro 1:14-16).
4 - O poder de Deus para realizar sua obra em nós.
No entanto, ao refletirmos juntamente com Paulo em Romanos 7:15-25, vemos que a natureza do homem é corrompida por si só. Apesar de sabermos o que é certo, não conseguimos fazê-lo por nós mesmos. Eu quero ser santo, mas não consegui desenvolver a santidade.
Em primeiro lugar, deve se ter bem claro que santidade não é igual a não pecar. O adolescente que está desenvolvendo a santidade peca e só atingirá a perfeição completa na volta de Cristo. Outra coisa que deve estar bem clara é que santidade não é viver alienado do mundo, mas viver o caráter transformado nesse mundo. Santidade tem muito mais a ver com fruto do Espírito (Gálatas 5:22 e 23) do que com dons do Espírito. Além disso, João nos diz que o mundo nos conhecerá se amarmos uns aos outros. Perceba também que em João 17:15, Jesus não pede para sermos retirados do mundo, como muitos querem ser, mas ele quer que nós vivamos o evangelho para dar testemunho de santidade ao mundo. Essa santidade, eu não a desenvolvo por mim mesmo, mas é o poder de Deus que age em mim para que eu seja santo. Assim, a santidade não é obra minha, mas do Espírito Santo (Efésios 1:3-5).
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