sexta-feira, 23 de abril de 2010

Adolescente vivendo uma vida séria com Deus



“Crescia o menino e se fortalecia, enchendo-se de sabedoria; e a graça de Deus estava sobre ele”.
Lucas 2.40


A Adolescência é uma época de grandes contrastes: o primeiro e mais marcante é aquele que diz respeito sobre o modo como o adolescente vê a si mesmo. Num momento ele se entende adulto e noutro se compreende criança (mesmo que não diga). Dentre tantos contrastes, o adolescente cristão vive a questão mais delicada de toda a história do seu relacionamento com Deus: o desejo de servir a Deus, sem, contudo, fazer o que Deus gosta, o que é pior, às vezes, gostar daquilo que Deus não gosta! 



 Esse pensamento atormentador que invade o coração e a própria alma do adolescente pode fazê-lo rebelar-se contra a fé. Porque a fé, muitas vezes, lhe atinge diretamente em todas as preferência e escolhas. Atingir esse ponto é o mesmo que atingir a identidade do adolescente, pois suas escolhas são também sua própria personalidade (é na adolescência que o jovem define um tipo de música que gosta, um tipo de “visual” etc).
Portanto, o problema do adolescente com o contraste que a fé provoca é que essa, nem sempre aprova o seu comportamento e escolhas. Quando isso acontece, o que o adolescente cristão deveria fazer? Gostaria de sugerir aos adolescentes uma pequena reflexão sobre a adolescência de Jesus Cristo.

A Bíblia não fala muito sobre o adolescente Jesus - E esse é um ponto interessante a se pensar. Os evangelistas deram uma preferência enorme em retratar a vida adulta de Jesus. Penso que um dos motivos dessa ausência de comentários sobre a adolescência de Jesus pode nos levar a pensar o seguinte: ninguém nasce para ser adolescente sempre. O objetivo de nosso nascimento e todas as fases de desenvolvimento é que alcancemos a vida adulta com qualidade e amadurecimento correto. Por isso, mesmo quando falavam alegoricamente sobre o desenvolvimento da vida, os escritores bíblicos anunciavam que eram chamados para o amadurecimento: “quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, pensava como menino; quando cheguei a ser homem, desisti das cousas próprias de menino” (ICo 13.11).
Como você adolescente pode notar, nós não nascemos para ser eternos adolescentes. Mesmo que você encontre alguns adultos que tentam agir como adolescentes, eles não são o padrão. A idéia é que o adolescente passe a medir as suas escolhas com um olhar no processo natural de desenvolvimento da vida. A fé não será contra escolhas que lhe trarão bom desenvolvimento espiritual e solidez no compromisso com Deus. A fé não rejeitará os pensamentos e não trará conflitos existenciais quando suas preferências estão na direção certa: o amadurecimento do seu caráter cristão e a sua imitação de Jesus.
Contudo, Jesus realmente foi um adolescente. Devemos imaginar que Lucas registrou um pouco da adolescência de Jesus e o pouco que disse a respeito deve significar muito para nós. Notemos algumas das coisas que Lucas disse:

O menino crescia e se fortalecia – Desenvolvimento natural é algo tão óbvio que temo pensar que essa era a única coisa que Lucas tinha a dizer com essas palavras. Ainda vivendo em Nazaré, sua cidade natal, Jesus estava se desenvolvendo em todos os aspectos, mas um, que chamou a atenção de Lucas quando fez a pesquisa sobre a infância de Jesus, foi que ele era um menino que apresentou um amadurecimento na palavra de Deus. O texto que Lucas nos relata o fato de que, Jesus esteve, por três dias, discutindo as Escrituras com os doutores da Lei. Por isso, escreveu: E crescia Jesus em sabedoria, estatura e graça, diante de Deus e dos homens.  Adolescentes que fazem boas escolhas e que se preparam adequadamente para a vida adulta são aqueles que descobrem logo cedo que a Palavra de Deus é o guia que precisam para suas preferências e escolhas (Sl 119.9).

Enchendo-se de sabedoria – Lucas está descrevendo um desenvolvimento impressionante num jovem que está por completar doze anos. Quando esse extraordinário desenvolvimento ocorre, Lucas nos esclarece duas coisas: a primeira, Jesus buscou crescer. O tempo verbal empregado aponta para uma ação do sujeito que procura completar-se, no caso, com sabedoria. Às vezes, pensamos que a sabedoria para fazer boas escolhas virá com o tempo, a partir de um amadurecimento que cai do céu. Mas, as coisas não são assim. Antes, devemos dar duro para cavar preciosos tesouros de sabedoria, Jesus certamente o fez!

A graça de Deus estava sobre ele – Assim como nós, Jesus Cristo homem também foi fortalecido pela graça de Deus. Algum adolescente pode imaginar-se, da noite para o dia, agindo como Jesus e fazendo as escolhas que agradam a Deus e trazem maturidade. Na verdade, o primeiro passo é pedir a Deus que manifeste a sua graça na sua vida. Somente quando Deus nos capacita é que temos condições de agir contra a nossa própria natureza pecaminosa e, então, fazer boas escolhas. Esses contrastes existem porque ainda não somos aquilo que Deus nos salvou para ser: santos.

Conclusão
Portanto, é certo que não somente os adolescentes vivem o dilema desse grande contraste, mas todo e qualquer cristão verdadeiro, luta para ser mais parecido com Cristo. Aos adolescentes cristãos, deixo essa palavra pastoral de alerta e incentivo: é possível ser um adolescente que agrada a Deus e é possível ser mais parecido com Jesus, mesmo enquanto adolescente. Para isso, apenas quatro sugestões: pense em que tipo de adulto você quer ser; procure crescer no conhecimento da Palavra de Deus; lute com todas as suas forças para se desenvolver na vida cristã e dependa exclusivamente da graça de Deus. 

Rev. José Maurício Passos Nepomuceno

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